As políticas públicas estaduais de incentivo produtivo agregaram qualidade de vida e geração de renda às populações tradicionais. Os produtos florestais são responsáveis por uma fatia da renda familiar dos extrativistas acreanos. Na Região do Vale do Juruá, em Rodrigues Alves, a extração da manteiga do murmuru movimenta parte da economia local.
A atividade que é impulsionada pelo governo do Estado foi debatida, em Cruzeiro do Sul, durante o 1° Seminário de Murmuru da Usina Nova Cintra. O evento, que avaliou resultados e investimentos, foi promovido pela Cooperativa Nova Cintra (Coopercintra), em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funatac) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“Nós apresentamos os resultados do investimento do Programa REM, financiado pelo Banco Alemão KfW. Mostramos para a comunidade como o recurso foi aplicado e discutimos a segunda fase, já aprovada”, explica a diretora-técnica da Funtac, Silvia Basso.
A utilização dos óleos vegetais se dá em maior parte na área de cosméticos. A Coopercintra comercializa a manteiga de murmuru para indústrias de insumos de São Paulo e Belém. O Sebrae auxilia os produtores na composição do preço de custo, exigido pelas importadoras.
Maria das Graças Silva, moradora da comunidade Besouro, destaca a importância da atividade produtiva. “A venda do murmuru traz vários benefícios para a nossa comunidade. Gera emprego para as mulheres, pois a coleta é realizada em maior parte por nós. O seminário nos deu uma base maior de conhecimento”, salientou a extrativista.
Somente em 2017, a Cooperativa Nova Cintra comercializou 20 toneladas da manteiga do murmuru. O produto é beneficiado na agroindústria de extração de óleo, entregue à cooperativa pelo Estado. Por meio do Programa REM, que apoia iniciativas produtivas de baixa emissão de carbono no Acre, foram investidos R$1,5 milhão no fomento à cadeia produtiva do murmuru, beneficiando diretamente 242 famílias.
Incentivo produtivo
A consolidação da parceria entre o governo do Estado e a comunidade se dá por meio das capacitações em boas práticas de extração da matéria-prima, promovidas pela Funtac, bem como a rastreabilidade dos produtos e análise das amostras.
O laudo que atesta a qualidade do óleo do mumuru também é emitido pela instituição. O documento assegura a comercialização do produto para as indústrias de insumos.
A Secretaria de Estado Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) é responsável por montar os processos e cadastrar as famílias que atuam na cadeia produtiva do murmuru. A matéria-prima recebe subsidio do governo, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
“Sem os parceiros, desde os coletores ao Estado, não existiria a cooperativa, que hoje gera emprego e renda aqui na nossa região”, enfatizou Roberto Alves, membro da Coopercintra.
Novos investimentos
Durante a 23° Conferência das Partes (COP 23), promovida na Alemanha, o Acre assinou mais dois importantes contratos que permitem a continuação do bom trabalho que vem realizando na proteção florestal e mitigação à mudança climática.
O primeiro, no valor de 10 milhões de Euros, com o Ministério Federal Alemão para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (BMZ) e o segundo, no valor de 20 milhões de euros, com o Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do governo do Reino Unido (BEIS), ambos via Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) para ser implementado por meio do seu Programa Global REM (REDD Early Movers – pioneiros na conservação), totalizando mais de 115 milhões de reais.
Os acordos foram assinados no Amazon Bonn, evento promovido pelo Fórum de Governadores da Amazônia Legal, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e organizações de cooperação nacional e internacional.
Texto: Maria Meirelles
Foto: Cedida