Com investimentos na casa dos R$ 100 milhões na política de valorização do ativo ambiental, por meio do programa global REED Early Movers – fruto de uma parceria entre o governo do Acre e Banco Alemão KfW – o Estado tem fomentado uma nova economia e melhorado qualidade de vida dos produtores rurais, extrativistas, ribeirinhos e indígenas.
Durante o segundo dia do seminário, que avalia esse modelo de desenvolvimento sustentável, promovido nesta terça-feira, 18, em Rio Branco, os beneficiários dessa política pública destacaram os avanços obtidos nos últimos anos.
Segundo a extrativista Maria Renilda Santana, a realidade hoje é outra. “Antes, o produtor ralava a mandioca no ralo e puxava em uma roda. Com os incentivos do programa REM e os incentivos do governo, fomos contemplados com casas de farinhas modernas e equipadas. Isso resultou no crescimento produtivo, melhorou a qualidade dos nossos produtos e gerou renda para as famílias do Rio Liberdade”, destacou Branca, como é conhecida.
Além do incentivo produtivo, a política de desenvolvimento sustentável é responsável pela conservação do meio ambiente, em um estado que ao apostar numa economia descarbonizada tem garantido a redução do desmatamento ilegal, preservando 87% de floresta nativa e ocupando de maneira sustentável e rentável os 13% de áreas abertas.
Jaira da Silva, produtora rural do Alto Acre, salientou que “ao incentivar a produção de peixes, o governo ampliou a renda das famílias e agregou valor aos imóveis rurais”. Dentro da Reserva Chico Mendes, em Brasileia, 40 famílias foram contempladas com tanques de piscicultura.
“Esse investimento realizado para alavancar a renda familiar é uma da base de sustentação, mas o primordial é a garantia da alimentação diversificada. Hoje os extrativistas já não podem sobreviver da caça e pesca apenas, e esses tanques sanaram essa problemática na região, pois todos utilizam para subsistência e o excedente vai para o mercado”, destacou Jaira.
O evento, que teve início nesta segunda-feira, 17 e se encerrou na noite desta terça-feira, 18, apresentou os resultados alcançados, no estado, durante a promoção do REM, está chegando ao fim em sua primeira fase. Uma nova etapa já foi negociada com os colaboradores e está sendo elaborada.
Os resultados dessa política gabaritaram o Estado para ser o primeiro no mundo em executar o programa global REM (REDD Early Movers – pioneiros na conservação). Magaly Medeiros, diretora-presidente do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), observa que “ao estruturamos as mais diversas cadeias produtivas, garantimos a redução do desmatamento ilegal e queimadas, ao mesmo tempo em que fortalecemos as atividades econômicas dentro da floresta, sem elas de cunho madeireiro ou não. O Acre tem contribuído para a redução dos efeitos negativos do aquecimento global”, afirmou.
Para o senador Jorge Viana, o Estado desenvolveu um modelo econômico inclusivo. “Fico contento em ver índios, extrativistas, ribeirinhos e agricultores familiares discutindo com o governo e representantes de uma organização de financiamento alemã, discutindo uma nova economia, que não é pequena. É a grande economia do presente e futuro, que é solidária e sustentável, que proporciona um mundo melhor, reduzindo o desmatamento e aumentando a valorização das florestas, nosso grande ativo econômico”, frisou.
Florestas Plantadas
Os 87% de floresta preservada demonstram o êxito desse modelo socioeconômico, que impulsiona o crescimento de diferentes atividades produtivas nos 13% de áreas abertas, ao mesmo tempo em que cria mecanismo de reflorestamento, como é caso do projeto Florestas Plantadas, que organiza a cadeia produtiva da borracha no Acre, além impulsionar o plantio de frutíferas e castanha.
Edegard de Deus, secretário de Estado de Meio Ambiente, observa que a avaliação é importante para credenciar a segunda fase do REM. “O Acre está no caminho da sustentabilidade. Temos muito a fazer, mas o que já avançamos tanto na preservação da floresta, quanto no seu uso sustentável, como também no reflorestamento das nossas áreas abertas, criação de pequenos animais e piscicultura, alternativas produtivas que criamos para que não tenhamos que desmatar. Estamos levando o recurso para a ponta, às famílias que realmente necessitam”, enfatizou.
Texto: Maria Meirelles
Foto: Angela Peres