Sistema de Monitoramento do Acre é referência para o Peru e Bolívia

Ao longo dos últimos anos, o governo do Acre consolidou seu Sistema de Monitoramento de Riscos Ambientais. O Estado, que já sofreu inúmeros fenômenos naturais, como enchentes e secas severas, é referência nacional e internacional quando o assunto é prevenção e gestão de riscos de eventos extremos.

Esse legado de trabalho despertou o interesse de representantes dos governos do Peru e Bolívia, que vieram a Rio Branco conhecer de perto as experiências da Unidade de Situação de Monitoramento Hidrometeorológico, localizada no Instituto de Mudanças Climáticas (IMC).

“A gestão do governador Tião Viana deixa como legado a integração de dados de pesquisa e de informações técnicas sendo tratadas e processadas para geração de boletins informativos, relatórios técnicos e estudos publicados que subsidiam a tomada de decisão do governo, sem achismo, e com argumentos científicos que viabilizam uma escolha mais acertada e evitem riscos à sociedade”, observa a diretora técnica do IMC, Vera Reis.

O governo do Estado está auxiliando os países vizinhos na estruturação de uma rede semelhante e efetivar uma atividade trinacional de controle já impulsionada pela Iniciativa MAP (Madre de Dios/PE, Acre/BR e Departamento de Pando/BO).

Segundo a representante do Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru (Senamhi), Mercedes Perales Yabar, é fundamental que os governos trabalhem e construam as políticas de gestão de riscos. “Esse trabalho que o Acre já desenvolve gera mais dignidade à sociedade. Quando não temos uma política estabelecida, pomos em risco o pouco avanço das instâncias públicas que atuam nesse segmento e demais temas ambientais”, salientou.

Participam do intercâmbio no Acre a integrante do governo de Madre de Dios, Ana Cecilia Cama, a gestora do Sanamhi do Peru, Mercedes Perales Yabar e a representante do governo do Departamento de Pando, Jean Carla Rivero.

Bons exemplos

Recentemente o Estado recebeu a visita de gestores de Rondônia, Amazonas e Mato Grosso e já se preparam para recepcionar técnicos do Amapá, para repassar as experiências exitosas adquiridas ao longo dos anos.

“A tendência é que os eventos extremos se tornem fortes e frequentes, portanto, o Acre tem uma iniciativa positiva. O que a gente espera é que haja um reconhecimento da importância desse trabalho ter continuidade na próxima gestão”, enfatizou Vera Reis.

Destaque mundial

Fórum Mundial de Águas, deste ano, deu destaque à Iniciativa MAP, por se tratar de um trabalho integrado que visa enfrentar os novos desafios relacionados aos fenômenos naturais recorrentes, como inundações nessa área de fronteira.

A Região MAP abrange as áreas de Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e do Departamento de Pando (Bolívia) e está situada no sudeste amazônico. Juntas, essas localidades totalizam, aproximadamente, 310 mil quilômetros, possuindo mais de 80% de cobertura florestal tropical, além de uma grande diversidade étnica e cultural, que inclui povos indígenas em isolamento voluntário – os “índios isolados”.

O projeto MAP nasceu em 1999 e conta com o apoio do governo do Estado. Muitas das demandas dessa iniciativa, que surgiu do voluntariado de indivíduos que compartilham os mesmos sonhos e preocupações para a região, tornaram-se políticas públicas no Acre, a exemplo da gestão da Bacia do Rio Acre como prioritária e da implementação da política de gestão de riscos, que se tornou referência nacional e internacional.