Audiência pública na Câmara Federal aborda variabilidade climática na Amazônia

A Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), da Câmara Federal, promoveu nesta terça-feira, 5, um debate sobre a variabilidade do clima na Amazônia brasileira. A audiência pública foi proposta pelo deputado acreano Leo de Brito, que tem encabeçado debates sobre estudos acerca dos eventos extremos recorrentes na região.

Leo de Brito, que participou recentemente da 23ª Conferência do Clima (COP23), em Bonn na Alemanha, explica que a mudança do clima é uma realidade que está atingindo a Amazônia. “Basta verificar os fenômenos ocorridos nos últimos anos, sobretudo em relação à incidência de inundações e secas”, salientou o parlamentar. “Isso obviamente preocupa os setores produtivos, mas também o futuro da Amazônia. Daí a importância de se discutir o assunto na Câmara Federal.”

Para discorrer sobre o tema, os deputados dispuseram da presença da diretora-presidente do Instituto de Mudanças Climáticas do Acre, Magaly Medeiros, e da diretora-técnica Vera Reis, da assessora do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Darly Henrique Silva, e do diretor do Departamento de Florestas e de Combate ao Desmatamento da Secretaria de Mudança do Clima e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schmitt.

Os efeitos da variabilidade climática na Amazônia Sul-Ocidental – fronteira Brasil, Bolívia e Peru – foram apresentados pela cientista Vera Reis, que apontou a lista de eventos extremos dos últimos 13 anos, a começar pela ocorrência de incêndios florestais na fronteira, em 2005, finalizando com a seca da Bacia do Rio Acre em 2017.

“Nós consideramos extremamente importante que essas discussões sejam diversificadas em todos os segmentos sociais, no sentido de que as informações, os conhecimentos gerados sirvam de subsídio para políticas públicas de conservação e manutenção da Região Amazônica e desenvolvimento de mecanismos de adaptação necessários”, observou Vera Reis.

Nos últimos anos, o governo do Acre tem promovido uma política de valorização do ativo ambiental e inclusão social, refletida na melhoria da qualidade de vida dos acreanos e crescimento socioeconômico do estado. A unidade federativa foi a primeira no mundo a desenvolver o Programa Global REM (REDD Early Movers – pioneiros na conservação), financiado pelo banco alemão KfW.

Magaly Medeiros apresentou aos parlamentares as ações e resultados do Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais (Sisa). “No Acre, estamos enfrentando os desafios com medidas de adaptação, além de trabalho preventivo a partir da análise da variabilidade climática. Temos uma política em curso que visa mitigar os efeitos da mudança do clima e, assim, garantir uma resiliência nos processos das atividades humanas”, frisou a gestora.