Acre apresenta bons resultados em Conferência do Clima

 Concita Cardoso 
  08.11.2017  19:10

Na tarde desta quarta-feira, 8, o governador Tião Viana concedeu entrevista coletiva na Casa Civil para falar da participação do Acre na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP23), que está sendo realizada em Bonn, na Alemanha.

Tião Viana anunciou que durante a conferência será firmada uma cooperação entre os governos da Alemanha (via banco alemão de desenvolvimento KfW) e do Reino Unido no valor de 30 milhões de euros. “Isso se traduz numa cooperação na forma de doação para o governo do Acre em algo na ordem de R$ 113 milhões, o que será investido em políticas públicas voltadas ao meio ambiente e à produção agrícola sustentável”, frisou Tião Viana.

Para o governador, esta é a segunda etapa de um ciclo vitorioso. “A cooperação anterior, primeira desse modelo no mundo, deu-se em 2012, quando o Acre recebeu em torno de R$ 100 milhões do governo alemão, já executados”, disse.

Ainda segundo ele, esta foi uma das melhores experiências para o grupo alemão, pois os investimentos chegaram aonde tinham que chegar: às comunidades da agricultura familiar, indígenas, extrativistas, ribeirinhas e de seringueiros.

“Com isso, além da conservação, conseguimos eliminar a miséria rural em pequenas comunidades. Isso nos dá uma grande alegria e orgulho. Quando assumimos o governo, tínhamos 52 escolas indígenas no Acre. Fizemos mais 71 e já estamos fazendo outras 18, com a oferta do ensino médio nas comunidades indígenas. O Acre talvez seja o único estado subnacional no planeta que tenha conseguido tanto”, pontuou Viana.

Amazon-Bonn

Segundo ele, o Acre, juntamente com outros estados da região, participa do Amazon-Bonn, dia dedicado à Amazônia, em 14 de novembro, no Museu de Arte de Bonn, cidade sede da COP23, oportunidade em que todos os estados da Amazônia Legal terão para discutir os desafios e oportunidades de desenvolvimento sustentável da região.

Esta foi uma agenda amplamente debatida durante o 16° Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizada em Rio Branco em outubro deste ano. “A Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas [GCF] tem trabalhado duro na redução do clima. São 38 estados, e o Acre lidera esse processo junto com o estado norte-americano da Califórnia, por ser completamente comprometido com as políticas de desenvolvimento sustentável”, comentou Viana.

O governador alerta ainda que esta não é uma conferência qualquer, mas é o momento em que a ONU e todos os países estão falando da necessidade e a urgência de ações voltadas à redução da temperatura planetária.

Acre aumenta em 400% o PIB

Num exemplo de como o modelo acreano de desenvolvimento sustentável se constrói e dá bons frutos, o governador revelou que em 20 anos o Acre conseguiu aumentar em 400% o seu Produto Interno Bruto (PIB), ao mesmo tempo que teve uma redução, nos últimos 12 anos, de 66% do desmatamento.

“É o melhor resultado em uma política de experiência que confirma desenvolvimento, início de um processo de consolidação da industrialização e conservação da natureza. Isso nos dá enorme esperança de que possamos servir de exemplo para o planeta”, comentou.

E complementou: “Temos a compreensão de que a crise ecológica que vivemos é a grande tragédia da humanidade e de todas as civilizações. Devemos ter o compromisso com a agenda planetária inadiável, que é a de uma economia inclusiva, verde, sustentável”.

COP23

A política de desenvolvimento sustentável do Acre tem servido como referência para uma nova agenda do clima, pautando encontros como o da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas (GCF), mais recentemente.

Sua política de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal com Benefícios Socioambientais (REDD+) o torna o primeiro governo subnacional a receber compensação por resultados na redução de emissão de carbono.

A COP23 reunirá autoridades de diversos países com o intuito de viabilizar formas de promover os objetivos do Acordo de Paris e alcançar processos em sua implementação. O encontro é presidido pela República das Ilhas Fiji e organizado pela Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), em parceria com o governo alemão.

Fotos: Gleilson Miranda e Arison Jardim/Secom